CHRISTIAAN OYENS: February 2011

Friday, February 25, 2011

HERE COMES THE SUN (GEORGE HARRISON)

Violão usado: Takamine 1980 D45
Afinação: Soprano {ADGCE(low)A}
Gravação: AKG Solid Tube (microfone valvulado), Pré Langevin - compressor DBX 160XT - ProTools 8

Sunday, February 20, 2011

MESES DE TÉDIO

Chega de poluição e de ouvir as sombras armênias
falarem sobre estátuas de veludo nos corredores
das selvas com mata seca e arvores flácidas com sede
de algo amargo e destilado
como os pêssegos banhados em sangue estancado
pelas nuvens em vinho de cereja incineradas por um sol
de cera colado em placas de gesso por
crianças em crise de angústia e cólera
penteadas no asfalto noturno em curto circuito
por óleos e gansos e peras e alarmes que desafinam
de um velho chapéu cigano mofado
por canos infiltrados nas pontes de todos os dias
com morros e dilúvios de corpos suando nas praias
e campos neutros de anjos e santos de estanho
amarelo, cinza e prata, cores que castigaram
os sonhos obsessivos de Salvador Dalí

abacaxis de fibra, maçãs e bananas de papel maché
flores de plástico, feijão de goma e casas em aquarela,
este é o novo sentido do mundo. São as estações de apego
que tremulam com as persianas ao vento
freando a tarde dos frades que solfejam os
lamentos insolúveis dos pecados abstêmios, supérfluos,
desencantados e alheios. Tudo faz sentido
se você morre cedo e for cremado
sem pompa por bêbados que se dizem coveiros.
Folhas em poliéster e brisas
de lavanda e um frasco de purgante na sala do
alfaiate, balas de festim, luas de cerâmica
nos espelhos de todos os lavabos,
copos de plástico e o gás banido dos refrigerantes
antigos, vencidos pela insuficiência química que lhes dá cor
e sabor, mas nunca longevidade. Estrelas sem ponta e padres
sem batina, guardas sem munição e ternos sem costura
e cartas sem destino,
pois o correio é um mal ultrapassado
como a gonorréia ou o sífilis.

Chega de poluição surda e enxergar as tramas dos cometas
em vôos deslizantes sem vaselina entre satélites
e escopetas armadas até os dentes noturnos feitos de lã
e marfim extraídos das pulseiras dos bufões deprimidos
e cantoras decadentes que ao se olharem no espelho
só vêem morangos silvestres, sandálias romanas
e ferrugem de canivete. Pássaros planam seguros
que nada disso vale a pena, que o mundo é um triturador
clandestino sem luz própria ou fuligem. Os arqueiros
estão com vergonha e as enfermeiras estão de resguardo,
o almirante é um velho insone que só navega por saladas de frutas.
Pasteis de celofane e uvas de vidro, luvas de borracha
e esculturas de farinha, está é a nova razão da vida.
São os meses de tédio e as pensões invadidas. Bombeiros asmáticos
feitos em argila, viúvas falidas e madrinhas órfãs, beijos nefastos,
assaltos em igrejas, pântanos com mandalas de pedra e iodo.
Chega de poluição.
O mundo será sepultado na via láctea.
Que ele eternamente descanse.

Thursday, February 17, 2011

CHRIS OYENS -- "NEEDED TIME" (LIGHTNIN' HOPKINS)

Violão usado: Marc Silber Weissenborn
Gaita: Hohner Pro Harp
Afinação: Open D (DADF#AD)
Gravação: Voz e gaita: microfone AKG414 - pré Langevin - compressor DBX 160XT - ProTools 8 -- Violão: captador e pré Sunrise (fabricação Jim Kaufman).


Sunday, February 13, 2011

A VIDA É ASSIM

A vida é assim
têm os que nascem prematuros
têm os que antecipam o fim

Não fiz as regras, não julgo nada
sei tanto aceitar a conquista
como me submeter a sua derrocada

Hoje vi claramente a medida do teu vazio
você pode forçar um cavalo até a beirada
mas não pode forçá-lo a beber do rio

O amor sempre segue, não se retrai
mas todo lago seca
um dia a cumplicidade se esvai

A vida é assim
o sol cedendo pro escuro horizonte
o não investido esgotando o sim

Suspeitas ganham novas lentes
e o belo exilado se afoga
com a força das mágoas enchentes

Envelhecemos, sentimos a idade
não com o descortinar da mentira
mas frente aos ataques de sinceridade

Pois a verdade é uma arma ferina
engatilhada pela alma mesquinha que te
diagnostica a doença enquanto te arranca a morfina

A mentira é a verdade melhorada
ela nos poupa, afaga e acolhe
com a sua ignorância sagrada

Nuvens dissipam, laços se rompem
e o presente é um guerreiro implacável
com as promessas vazias de ontem

Cubra com o verde do mundo tua pele desalmada
teu vinho será teu servo e hospedeiro
guiando o teu vazio pro nada

Teu beijo que agora vale por um trio
encontrou bocas carentes, sedentas
enquanto meus lábios morreram de frio

A vida é assim
uma triste repetição da verdade
uns embarcam, outros criam um motim

Poeta neutro é aquele que mente
pois a mentira não irá despetalar a flor
a verdade é que esmaga a semente

Promessa pouca que desaguou em perjúrio
qual lorota será que você sustenta?
qual agora o teu prazer espúrio?

Prendeu-a na parede com ecos perversos de gargalhada
qual intensa será a hiena da tua risada
com o fim marcado da nossa temporada?

Não se preocupe a vida é assim
uns se auto-flagelam, levam tudo a sério
enquanto outros dão seus tiros de festim

Wednesday, February 09, 2011

WHEN YOU GOT A GOOD FRIEND (Robert Johnson)

Violão usado: Johnson Resonator
Afinação: Baritone (BEADF#B)
Gravação: microfone AKG414 - pré Langevin - compressor DBX 160XT - ProTools 8



Thursday, February 03, 2011

HEY JOE (BILLY ROBERTS)

Minha versão da canção imortalizada pela gravação definitiva do Jimi Hendrix.